segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cuidar de quem cuida de mim

Pois é meninas, como no último poste, disse que iria começar a cuidar mais do meu casamento, da minha vida. Apesar de estar passando por um péssimo momento no meu trabalho estou feliz, feliz mesmo porque esse momento “cuidar de quem cuida de mim” fortaleceu ainda mais o meu casamento. A tempos estávamos muito distantes e brigando muito,eu só fazia as pazes para garantir o treino depois e quando tudo acabava, ficava de bico de novo. Sabia que estava errada, mas eu estava passando por um turbilhão de sentimentos, na verdade ainda estou mas to sabendo controla-lo melhor. As metas do final do ciclo passado estão sendo cumpridas, do meu jeito mas estão rs. Eu disse a vocês que esse ciclo não mediria tabela basal, ovulação, treinaria nos dias certos, não fiz nada disso...a única coisa que fiz mesmo foi tomar meu lindo e maravilhoso ácido fólico e treinar um dia sim e um dia não impreterivelmente. Como meu ciclo mês passado foi irregular não sei ao certo quando a monstra virá, se seguir meu ciclo de costume tem que vim no sábado, cruzando os dedos para que não venha, mas também não querendo me encher de esperanças. Bom a segunda parte foi realmente cuidar de quem cuida de mim e essas pessoas incluem meu marido, família e Deus. De todo o sofrimento na vida a gente tira uma coisa boa e sem duvida a melhor coisa que me aconteceu desde que eu descobri meu problema foi a aproximação de Deus em minha vida. Desde o final da minha adolescência eu sentia uma vontade imensa de fazer as “pazes” com Deus, apesar de nunca termos brigado rs, mas esse elo estava muito difícil de encontrar, essa conexão tinha se perdido e eu já não tinha mais esperanças em ser restabelecida e foi ai que tudo mudou... Hoje eu sei que o maior propósito de Deus desse problema na minha vida, foi de encontrar essa conexão com ele que estava perdida, essa fé renascer, essa vontade de fazer com que o mundo saiba o quanto eu amo a Deus. Em relação ao marido, enfim, nossas brigas acabaram, passamos a nos ouvir mais,ficar mais tempo juntinhos um curtindo o outro e isso me trouxe uma paz inexplicável, tantas coisas boas e eu só tenho a agradecer a Deus por todas elas. O final do ciclo está chegando e eu juro que não queria ficar ansiosa por nada mas é impossível isso acontecer, sempre fica aquela pontinha de esperanças e automaticamente você começa a procurar sintomas inconscientemente. Torçam por mim, eu sei que tudo nessa vida tem a hora certa, mas esse desejo de ser mãe tá muito latente e tentar convencer esse desejo aflorado que não foi dessa vez corrói qualquer esperança.

sábado, 22 de março de 2014

O começo do fim...



De um mês pra cá, eu comecei a ficar obcecada por qualquer artigo na internet, revista, facebook que ensinava alguma maneira de engravidar mais rápido. Passei um mês inteirinho lendo sobre tudo o que podia ter direito, estava realmente obcecada. Sabia meu dia fértil, meu dia de ovulação, marcava no aplicativo do celular muco, humor, sintomas, tudo o que você pode ter direito. Acho legal você conhecer seu corpo, muito legal mesmo, e aprendi muita coisa nessa minha jornada a gravidez, mas via que estava começando a viver em função disso, não podia sentir o seio inchar ou enjoo por algum tipo de comida, que já me prendia nesses sintomas e vinha com a certeza de que estava grávida, no final de tudo intermináveis testes de farmácia negativo e um beta só para desencargo de consciência, isso tudo começou a me deixar exausta, essa aflição, agonia de saber se estou ou não grávida porque namorei no meu período fértil, não vou tomar remédio porque posso estar grávida, esse negativo do teste de farmácia deve estar errado vamos partir para o beta... cansei mesmo! Minha relação com o marido estava começando a desgastar, visto que só o procurava no meu período fértil porque depois me obcecava por temperatura basal, por sintomas que da maior parte das vezes só surgiam por conta da minha cabeça, quero um filho a partir de um ato de amor, não através de contas mirabolantes e medição de temperaturas e por ai vai... Nada contra as meninas que fazem isso eu SUPER apoio... mas para mim isto começou a me fazer mal. Estou com 4 dias de atraso e me prendi tanto a esses sintomas que quando fiz meu teste de farmácia e deu não positivo me senti muito vazia, não quero mais passar por isso...não mesmo. Acredito que a monstra desça hoje e, caso isso aconteça, iniciará um novo ciclo. Não irei medir temperatura, calcular período fértil ou qualquer coisa assim, vou me dedicar esse mês ao meu casamento, meu marido, vou continuar tomando meu ácido fólico, talvez não consiga fazer minha histero mês que vem por conta desse atraso de menstruação, que atrasou minha vida toda... mas no próximo mês eu faço e se vier bebê, ótimo... se não vier continuarei tentando até onde minhas forças puderem ir!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Um quase positivo...

Meninas eu sempre tive muito medo de engravidar antes do tempo 1 º porque meus pais me matariam e 2º porque não sentia que era aquela hora. Quando me casei tive uma vontade louca de começar a deixar de tomar o AC e já imendar um bebê mas eu e meu marido queríamos tantas coisas, viajar para tantos lugares e isso não incluía um bebê, eu não estava pronta para abdicar de coisas na vida por uma criança, não me sentia pronta.Com o passar do tempo as coisas foram mudando, eu comecei a pensar em um bebê, pensar em uma criança correndo pela casa, quebrando minhas coisas, me fazendo querer voar do trabalho para casa, me fazer embarcar naquela magia toda que é o mundo da criança e percebi que estava pronta para ser mãe. Quando fizemos um ano de casados, viajamos e combinamos sempre de viajar no nosso aniversário de casamento, me deu uma vontade louca de “esquecer” o remédio e não o tomei por 3 dias, todo mês era essa história, não conseguia terminar um mês sem esquecer pelo menos uns dois dias de tomar o remédio, eu estava querendo me prender a alguma coisa uma falha da pílula, um desejo do marido, para simplesmente virar tentante, mas eu mesma não queria admitir o meu desejo latente.Quando chegou em Outubro, nossa, esse foi um mês que quase não tomei meu AC, minha menstruação veio na data esperada e resolvi não tomar mais AC. Nunca entendi NADA, absolutamente NADA sobre período fértil, ovulação, temperatura basal e etc..No meu primeiro ciclo após parar de tomar meu AC passei uma semana treinando muito, mas nem sabia se era período fértil ou não, no dia da menstruação descer ela não veio, passou-se uns dias e nada, falei com uma amiga do trabalho que está torcendo tanto para esse bebê vim e topei fazer um exame de farmácia, fiz dois e um apareceu uma linha fraca, muito fraca, mas tinha uma linha ali, esperei uns dias e fiz o beta e deu negativo, passaram-se mais um mês de agonia e nada dela vim, quando eu estava imendando quase 3 meses sem a monstra ela desceu, fiquei aliviada e comecei a ler sobre todo esse mundo de tentante e aprendi muita coisa, me lembro que fiquei indignada quando soube que só temos bem dizer UMA única chance no mês de engravidar e que todo aquele meu medo de antes era meu que inútil rs. Fiquei obcecada por tudo relacionado a gravidez, no segundo mês a monstra desceu certinho e eu fiquei MEGA feliz do meu organismo está respondendo tão bem sem o AC, nesse mês de fevereiro segui tudo, namorei muito no período fértil que antecedia o carnaval, só não pude namorar no dia da ovulação pq eu estaria viajando e não ia rolar rs. Nesse meio tempo, passei uma semana inteira com uma terrível dor de dente e não queria de jeito nenhum tomar medicação com medo de atrapalhar alguma coisa, mas estava piorando a cada dia mais...até que tive que iniciar antiflamatório,juro para vocês que a cada comprimido meu coração ficava mais pequeno, com medo de ter engravidado ali e estar fazendo mal ao meu bebê,as dores foram aumentando e eu tive que ir a um dentista, que me passou mto antibióticos, mais antiflamatórios, fiz um raio x e tomei uma anestesia, nessa hora eu pedia muito para não estar grávida, e se caso estivesse que preservasse meu bebê. Tudo isso aconteceu uma semana depois da ovulação, cheguei até a fazer um teste de farmácia mais depois li que é completamente descartado seu resultado, visto que ainda não aconteceu a nidação, fiquei esperando a monstra vim e nada dela aparecer, cheguei a três dias de atraso e disse que não iria fazer teste de farmácia ia esperar 10 dias mas não aguentei e veio um negativão na minha face. Fiquei frustradissima por dois motivos, primeiro o obvio, não existe bebê e segundo pq meu organismo desregulou novamente e não vou poder me programar direitinho, acho que o próximo ciclo farei diferente, não vou medir nada, não vou testar nada, só vou namorar e aguardar...quem sabe né?

quarta-feira, 19 de março de 2014

Histerossalpingografia



Histero o que?
Como já havia dito, eu sempre trabalhei na área da saúde.Apesar de ser formada como professora e ter feito faculdade de análise de sistemas(?), todos os empregos que arrumei na minha vida foram relacionados a saúde, o que é curioso, pq eu sempre tive pavor, pânico de hospitais, doenças, remédios e médicos. Meu primeiro emprego foi como operadora de teleAtendimento de uma operadora de plano de saúde e por lá fiquei uns 4 anos. Trabalhava em uma célula de autorização de procedimentos então conhecia todos os exames possíveis e impossíveis, coisas que eu nem sabia que se fazia e como se fazia, mas aprendi muito nesse emprego. Toda vez que eu precisava autorizar algum procedimento ginecológico eu sempre perguntava a indicação clínica (mais pra bisbilhotar mesmo rs) e toda vez que a indicação clínica era infertilidade, aquilo me dava um aperto e um nó na garganta, acho que por isso jamais poderia ser médica, iria me envolver tanto com o paciente que precisaria de um psiquiatra na aposentadoria. Quando descobri a hidrossalpinge e pesquisei sobre ela na internet, me inclui nos 40% de casais inférteis pois a hidrossalpinge causa infertilidade e logo me vi como uma das pacientes que solicitavam a autorização dos exames quando trabalhei. A histerossalpingografia é um exame que nunca tinha ouvido falar, na verdade, com certeza já devo ter autorizado algum exame desse mas não consigo me lembrar, somente das histeroscopias mesmo que inclusive uma amiga que tentava engravidar a 3 anos, logo após realizar uma diagnóstica engravidou. Durante minhas pesquisas sobre a hidro esse exame era muito falado assim como a vídeo laparoscopia mas acredito eu não precisar realizar pq em uma das minhas consultas com o GO já perguntei sobre a possibilidade de uma cirurgia e ele descartou, somente em caso onde a tuba esteja muito comprometida ou com alguma secreção como pus e tudo mais. Os relatos da histero não são nenhum pouco agradáveis e vou confessar a vocês estou apavorada! Participo de um grupo no facebook chamado “Tentantes emponderadas” e criei um tópico nele sobre a histero, muitas meninas me tranquilizaram dizendo que a dor não é insuportável e que existem algumas coisas que aliviam a dor e antes de marcar esse exame deve-se pesquisar a fundo a forma da realização pois alguns lugares realizam com sedação e sem o pinçamento do útero que é desnecessário e bem doloroso. Eu fico pensando, gente PINÇAR o útero? MEDOOOO!!!! Para piorar a situação meu amado plano de saúde só disponibiliza 2 lugares para realização e um eu não consigo falar e o outro já peguei de leve uma implicância só pelo jeito da menina me atender pelo telefone, ah gente! não é frescura da minha parte mas as pessoas deveriam ser um pouco humanas e menos profissional. A mulher que vai realizar um exame desses já está com a cabeça a mil, pensando coisas do tipo “não poderei ter filhos”, “Esse exame é decisivo”, “O que vou falar para o marido??”, “FIV é cara demais!” e ainda vem uma vaca te tratar com grosseria pelo telefone? Fiquei revoltada, mas é o único lugar que consigo falar para agendar esse exame e ainda por cima descobri que preciso ir no meu primeiro dia de menstruação até a clínica somente para marcar o exame! Eu posso estar falando besteira pq pesquisei sobre o exame mas não tão afundo assim mas eu não posso ligar para a clínica e dizer “Olha, hoje é meu primeiro dia de menstruação, marque meu exame!” do que ir no centro da cidade, que só vive um inferno, que é longe pra cacete da minha casa, para vocês terem uma ideia de TREM eu demoro 1h e 20 min, o trem Semi direto, só pra ela marcar o exame? Acho que também vai muito mais da boa vontade da clínica, das pessoas. Acho que todo lugar que oferece esse tipo de serviço deveriam se preocupar com todos os fatores não só físicos mas emocionais do paciente que procura esse tipo de local, precisamos de pessoas mais humanas, mais “gente”. Tirando o pavor a parte, eu não quero me encher de falsas esperanças pq já ficor super melancólica e deprimida na minha fase menstrual, agora como tentante então me sinto 2x mais então qualquer esparançazinha mesmo que “zinha” mesmo me faz construir um castelo de planos e eu não quero mais isso, só que intuição feminina é foda né ? Não sei ao certo se é intuição, se é só mesmo um desejo imenso mas algo me diz que não precisarei realizar esse exame, algo dentro de mim clama forte dizendo isso e eu preciso CRER nisso! Marquei meu retorno no GO dia 26/04 mas não conseguirei realizar esse exame nesse mês, talvez só no mês que vem então pode ser que o exame não fique pronto até a data, mas enquanto não chega o próximo período menstrual, vamos treinar pq é bom, é de graça e realiza sonhos rs.

terça-feira, 18 de março de 2014

Loucura ou não?



Eu sou uma pessoa extremamente indecisa, isso em tudo na minha vida. Achei até que jamais conseguiria me casar pq não iria conseguir decidir entre abandonar a vida de solteira a se aventurar como uma mulher casada...e cá estamos. Sou professora formada desde o ensino médio, fiz faculdade de análise de sistemas(?) e trabalho no faturamento de um hospital porém minha fascinação é a área de farmacologia e embriologia hahaha o pq disso tudo é uma história para outro post, voltando aqui, de todas essas minhas indecisões na vida a única coisa que eu sempre tive certeza era de que queria ser mãe. Lembro-me das minhas brincadeiras de criança, onde meu quarto era a minha casa e eu era casada com o Marcello Anthonny hahahahahahahahahahahaha eu tinha 2 bebezões e um ursinho de pelúcia que eram meus “filhos” João Vinícius, Andréia e Gustavo, éramos uma família feliz, eu era médica e morávamos em tão tão distante (Ser criança é bom demais!). Depois que cresci sempre me imaginava nem mesmo casada, mas mãe de algumas crianças..sim algumas, pq levei ao pé da letra “crescei e multiplicai-vos” já quis ter 5,3, to tentando trabalhar somente 2 mas acho que não vou conseguir rs. Eu me imagino na velhice, um domingo de almoço, com os filhos e netos correndo pela casa, aquela família grande e unida e isso não se faz só com um filho (me desculpe os filhos únicos). Quando eu era adolescente eu simplesmente fiquei apaixonada por um nome de menina, o nome Valentina. Depois de um tempo esse nome até se popularizou, mas ainda é um pouco difícil se encontrar Valentinas por ai, quando conheci o marido disse a ele do nome Valentina, que eu era apaixonada e ele odiou, como era início de namoro eu nem sabia se casaria com ele nunca tirava da minha cabeça que o nome da minha filha seria Valentina. Com o passar do tempo a coisa foi ficando séria e ele começou a gostar do nome, eu tenho cabelo cacheados mas sou adepta da chapinha e ele quando criança tinha fios loirinhos e levemente cacheados, então toda vez que passa uma menininha com os cabelos cacheados ao vento ele diz “amor, ali a nossa Valentina!”, nem preciso dizer que me derreto toda ne ?
Esse grau de fofura foi tanto que um belo dia ele me chega em casa e diz “Amor, olha o que comprei!” e me deparo com um lindo macacãozinho, cheio de tutus como uma bailarina, com os seguintes dizeres “futura bailarina” achei lindo de morrer e guardei, é muita loucura? Se minha mãe ou minha avó tivesse visto isso iriam falar “isso da azar”. Se dar azar eu não sei, só sei que esse macacãozinho fica guardado no meu armário escondidinho atrás das minhas coisas, para ninguém ver, só eu e marido que sabemos de sua existência, se não vier a nossa Valentina, que venha o nosso Théo e ele continuará guardado esperando por ela e caso ela não venha eu guardo para no dia que tiver uma netinha quem sabe? rs


quarta-feira, 12 de março de 2014

Carta de Maria Lívia

Essa carta me tocou bastante, chorei demais e me identifiquei com todos os tópicos. Tentantes vale a pena ler!



Maria Livia sabe que a amas e queres que seja feliz. Sabe que gostavas que ela voltasse a ser a mesma de antes. Mas ultimamente ela parece-te ansiosa, deprimida e obcecada com a ideia de ter um bebê. Provavelmente é difícil entenderes por que ficar grávida é tão importante e parece ocupar cada segundo da sua vida. Maria Livia espera que depois de leres este pequeno texto, escrito por psicólogos com experiência, entendas um pouco melhor a dor que ela está a sentir. Podes também ficar a saber melhor como ajudar.

Alguns efeitos da infertilidade

Pode ser surpresa, mas 1 em cada 6 mulheres que querem ter um bebê não o consegue. Há muitas razões para isso: bloqueio das trompas de Falópio, mau funcionamento ovárico, desiquilíbrios hormonais, exposição a substâncias tóxicas, baixa quantidade de espermatozóides do marido, entre muitas outras causas. E ainda por cima, quando uma mulher chega aos 35 anos de idade, torna-se mais difícil engravidar, principalmente porque muitos dos óvulos que produz são de baixa qualidade.

Todas estas barreiras para engravidar são físicas ou fisiológicas, não são portanto barreiras psicológicas. As trompas não se bloqueiam porque a mulher está "muito ansiosa" para engravidar. Quando existem anticorpos na mulher que matam o esperma do marido, por exemplo, eles não desaparecem se a mulher relaxar. E um homem também não pode fazer com que o seu esperma se mova mais depressa apenas com uma atitude otimista.

Sobre conselhos "bem intencionados"

Quando alguém de quem gostamos tem um problema, é natural tentarmos ajudar. Se não houver nada de específico que possamos fazer, tentamos pelo menos dar um conselho. Muitas vezes utilizamos as nossas experiências pessoais ou casos que envolvam outras pessoas que conhecemos: recordas-te de uma amiga que tinha problemas para ficar grávida e que essa amiga conseguiu só porque foi com o marido de férias para uma ilha tropical. Por isso achas que faz sentido sugerir a Maria Livia para meter também férias com o marido…

Maria Livia aprecia o teu conselho, mas a sugestão não lhe serve de grande coisa, porque o problema tem uma origem física. Pior ainda: a tua sugestão deixa-a mais magoada. Muito provavelmente já outras pessoas lhe disseram isso imensas vezes. Imagina como é frustrante ela ter de ouvir que outros casais engravidaram "magicamente" durante umas férias, simplesmente fazendo amor. Repara que Maria Livia está no meio de tratamentos de fertilidade. Nestas circunstâncias, fazer amor e conceber um filho não são coisas muito relacionadas uma com a outra. Nem imaginas quanto é difícil estar a tentar conseguir um bebê e quanto é desanimador sentir que no final de cada mês se voltou a falhar.

O teu conselho bem-intencionado é um esforço para transformares um problema extremamente complicado num problema demasiadamente simplificado. Ao simplificares o problema desta maneira, retiras importância ao que ela sente, menosprezando as suas emoções. E ela sente-se obviamente aborrecida e chateada contigo nestas circunstâncias.

A verdade é que não há nada de concreto que possas fazer para a ajudar. A melhor ajuda que podes dar é a tua compreensão e apoio. É mais fácil apoiá-la se souberes como pode ser devastadora a incapacidade de ter um bebê.


Por que pode ser tão devastador não ter um bebé?

As mulheres são geralmente educadas na expectativa de um dia terem um bebê. Muitas vezes imaginaram ser mães desde que crianças brincaram com as bonecas ou desde que começaram a observar no mundo à sua volta a relação próxima entre "ser mulher" e "ser mãe". Quando Maria Livia pensa que não pode ter um bebê, pode sentir-se como uma mulher "defeituosa", a quem falta a capacidade de gerar e de ter filhos.

Por vezes, não ter um bebê é um fator de vida ou de morte. Na Bíblia, por exemplo, Raquel era estéril e disse a Jacob "Dai-me filhos ou morrerei..." (Génesis, 30). Comentando esta afirmação, alguém disse que “não ter filhos é como morrer aos poucos”. E isto sucede porque ter filhos é uma das formas de escaparmos à morte; é um modo de não termos medo da morte.

São tão poderosos os sentimentos relacionados com a infertilidade, que a pessoa pode sentir-se a morrer, ou mesmo querer morrer. E por enquanto Maria Livia nem sequer tem a certeza de que vai conseguir ter um bebê.


O que oferece a medicina moderna à mulher infértil?

Na década passada a medicina reprodutiva fez grandes avanços. O uso de certos medicamentos pode aumentar o número e o tamanho dos óvulos que a mulher produz, aumentando muito as oportunidades de fertilização. Na técnica de fertilização in vitro (FIV) extraiem-se os óvulos da mulher e junta-se com o esperma do homem, num "tubo de ensaio", fazendo-se assim a fertilização no laboratório. O embrião é colocado depois no útero da mulher. Mas existem muitas outras técnicas de reprodução assistida.

Apesar das esperanças que estas técnicas oferecem, são um "osso difícil de roer". Alguns procedimentos de alta tecnologia só existem em certas clínicas e isso pode obrigar a Maria Livia a viajar grandes distâncias. Quando o tratamento está disponível por perto, ela tem de suportar as visitas regulares ao médico, aplicar injecções diariamente, compatibilizar o trabalho e a vida social com esses procedimentos e ainda gastar consideráveis somas de dinheiro. Tudo isto é acompanhado por uma série de exames embaraçosos e muitas vezes dolorosos.

A infertilidade é uma condição médica muito pessoal, que Maria Livia pode não estar em condições dar a conhecer no emprego ou de partilhar com o seu patrão. Por isso às vezes inventa desculpas cada vez que o tratamento coincide com o horário de trabalho.

Depois de cada esforço médico para engravidar, Maria Livia tem ainda de aguentar a espera, sempre salpicada por ondas de otimismo e de pessimismo. É uma verdadeira montanha russa emocional. Não sabe se os peitos inchados são um sinal de gravidez ou um efeito secundário dos medicamentos de infertilidade. Se vê uma mancha de sangue na roupa interior, não sabe se é o embrião a implantar-se ou se é o período que está a começar. Se não engravida depois de uma tentativa “in vitro”, pode sentir que o desejo de um bebê morreu mais um pouco.

Ela tenta viver com este tumulto emocional. Se a convidam para uma festa de boas vindas ao bebê de uma amiga, se a convidam para um batizado, se sabe que uma amiga ou colega está grávida, se um dia lê uma história de um recém nascido abandonado, podes imaginar a angústia e a raiva que ela sente com as injustiças da vida! Porque a infertilidade penetra em quase todas as facetas da vida, porque surpreende que ela esteja obcecada em chegar à meta?

Maria Livia pergunta-se a cada mês se será desta vez. E acaba por não ser, pergunta-se se tem energia para tentar de novo. Poderá pagar outro tratamento? Quanto tempo continuará o marido a apoiá-la? Será obrigada a abandonar o seu sonho?

Por todas estas razões, quando falares com Maria Livia, tenta sentir empatia com as dificuldades que atravessam a sua cabeça e o seu coração. Ela sabe que te preocupas com ela, e pode necessitar de falar contigo sobre o que está a viver. Mas ela sabe que não há nada que possas fazer ou dizer para a ajudar a engravidar. Ela tem medo que lhe faças uma sugestão que cause ainda mais desespero.

Que podes fazer por Maria Livia?

Podes apoiá-la e não criticares nenhum dos passos que ela esteja a dar para se proteger de um trauma emocional. O medo, o silêncio e a fuga podem ser apenas uma forma de ela se preservar a si própria de mais sofrimento. Podes dizer-lhe algo como: "Estou preocupado contigo. Agora que li este folheto, tenho finalmente uma ideia de como isto é difícil para ti. Gostaria muito de te poder ajudar. Estou aqui para te ouvir e chorar contigo, se sentires vontade de chorar. Estou aqui para te animar quando te sentires sem esperança. Podes falar comigo. Eu vou estar contigo a partir de agora”.

Lembra-te que Maria Livia está perturbada e muito angustiada. Escuta-a, mas não a julgues. Não tornes pequenos os seus sentimentos. Não tentes querer fazer ver que tudo está bem. Não lhe vendas fatalismo com declarações como "O que tiver que ser será". Se esse fosse o caso, que sentido fariam os tratamentos de reprodução assistida? Saberes e quereres ouvi-la seriam já uma ajuda muito grande. As mulheres com problemas de infertilidade sentem-se à parte, diferentes das outras pessoas. A tua capacidade de ouvir e de apoiar ajuda-a a lidar com toda a tensão que está a viver. A infertilidade é uma das situações mais difíceis que ela teve de enfrentar na vida.

Exemplos de situações problemáticas

Tal como um quarto desarrumado pode ser um lugar cheio de obstáculos no caminho de uma pessoa cega, a vida quotidiana pode também estar cheia de dificuldades para uma mulher infértil. Estas dificuldades não existem para as mulheres que têm filhos facilmente.

Imagina que ela vai a casa de uma cunhada para uma reunião familiar. Uma prima está a dar de mamar ao bebê; os homens estão a ver um jogo de futebol e as outras mulheres falam sobre os filhos. A Maria Livia sente-se excluída e distante.

O dia de Natal e a passagem de ano são exemplos de outras festas particularmente difíceis para ela. Nestas ocasiões ela recorda o que pensou o ano anterior: “Para o ano vou ter o meu bebê e vou trazê-lo aqui para junto da minha família.”

Cada uma destas festas representa uma complicação para quem não pode ser mãe. No dia se São Valentim pode recordar o namoro, o amor, o casamento e a família que ela sonhou formar. O mesmo para o dia da mãe e o dia do pai. São dificuldades umas atrás das outras.

Atividades simples como caminhar na rua ou ir ás compras a um centro comercial são também saídas com surpresas a qualquer momento. Ver as outras mulheres a empurrar os carrinhos de bebê é algo que pode doer. Quando Maria Livia vê televisão é bombardeada por publicidade de artigos de bebê a toda a hora.

Num jantar alguém pergunta há quanto tempo é casada e se já tem filhos. Nestas ocasiões sente vontade de sair a correr, mas não pode. Se ela falar sobre a sua infertilidade é provável que ouça um dos tais conselhos bem intencionados: "Relaxa, não te preocupes, quando menos esperares...", ou ainda "Tens sorte. Eu estou farta dos meus filhos, gostaria de ter a tua liberdade". Estes são comentários típicos que fazem com que ela tenha vontade de esconder-se debaixo da mesa.

Refugiar-se no trabalho e na carreira profissional nem sempre é possível. Ver cada mês que o sonho não se cumpre, pode consumir energias para avançar na carreira. E à volta as outras colegas de trabalho vão ficando todas grávidas.

Resumindo

Por não estar a conseguir ter filhos, a vida é stressante para Maria Livia. Ela está a fazer o melhor que pode para sobreviver a este problema. Por favor, entende: às vezes ela está deprimida, outras está ansiosa, física e emocionalmente exausta. Ela não é agora tal como a conhecias; provavelmente nem vai querer fazer as coisas que antes fazia ou desejava fazer.

Ela não tem ideia de quando e como o problema será resolvido. Ou sequer se será resolvido. Poderá ter êxito, optar pela adoção ou ter de assumir uma vida sem filhos. Por enquanto ela ainda não sabe o que vai acontecer. Tem que levar as coisas dia a dia. Só não sabe porque tem de passar por isto tudo. De uma coisa está certa: vive com uma angústia tremenda todos os dias.